Saiba por que adotar o uso de bikes e patinetes ajuda no seu dia a dia.
A América Latina é o continente com maior população urbana, de acordo com o estudo Transport and Climate Change Global Status Report 2018, da Sustainable Low Carbon Transport (SLoCaT). Isso acaba impulsionando a demanda de transporte (e, em muitos casos, congestionamentos urbanos e emissões de gases, em combinação com o aumento das taxas de motorização). Entre os anos de 2000 e 2015, houve um aumento 69% no uso de transporte privado motorizado no Brasil, devido a um subsídio do governo federal.
Na contramão disso, desde 2015 tem havido um movimento global de aumento de bicicletas compartilhadas ao redor do mundo. Em 2010, eram 250 serviços de compartilhamento de bikes. Em 2015, este número já estava em mil. Só em 2017, 443 novos serviços foram lançados. Em apenas um ano, estes sistemas de compartilhamento cresceram 33%, de acordo com o estudo da SLoCaT. A China é o país que lidera o lançamento desses serviços, especialmente aqueles em que as bicicletas não são deixadas em uma base fixa. Em 2016 e 2017, quase 100 sistemas foram lançados em cidades chinesas.
A venda de bicicletas elétricas também vem crescendo no mundo. De acordo com estudo da SLoCaT, cerca de 32 milhões de e-bikes foram vendidas em 2017 – a maioria na Europa e na China.
A Tembici, empresa líder em micromobilidade da América Latina e operadora dos sistemas de bicicletas compartilhadas das principais capitais brasileiras, registrou um aumento no número de usuários de 229% no último ano, segundo Carolina Rivas, diretora de Comunicação Corporativa e Atendimento da empresa.
“A bicicleta já faz parte da rotina dos brasileiros como modal de transporte diário. Grandes cidades do país têm visto a modalidade se consolidar e, como consequência, investem em melhora e aumento de infraestrutura cicloviária”, comenta Carolina.
Além do aluguel de bikes por meio de aplicativos, uma outra frente vem surgindo: a do comércio de veículos de mobilidade urbana, como é o caso do Mobinnect, que é um site de classificados para compra e venda destes meios de transporte. “Desde fevereiro, mês do lançamento, recebemos em nosso site pouco mais de 8 mil visitantes únicos”, comenta Marcus Lopes, da Mobinnect.
Lazer ou trabalho?
No Integrabike, sistema de compartilhamento de bicicletas de Sorocaba (SP), Carolina aponta que análises de utilização do mês de maio (2019) mostram que 79% dos usos das bicicletas aconteceram durante a semana, enquanto 21% foram referentes a retiradas aos finais de semana. “Esse dado pode ser associado ao uso para deslocamentos de ida e vinda do local de trabalho dos moradores de Sorocaba”, afirma Carolina.
Para compra e venda de veículos, Lopes também tem a percepção de que o principal interesse na aquisição destes meios de transporte alternativos é para utilização na locomoção diária para o trabalho, sendo a recreação a segunda motivação.
Bom para o meio ambiente
A utilização de bicicletas como substituto do uso de carros pode trazer um benefício muito expressivo para o meio ambiente, uma vez que há uma verdadeira economia na emissão de CO₂ na atmosfera. De acordo com o estudo da SLoCaT, andar de bicicleta e caminhar poupa em torno de 90 mil toneladas de CO₂ na cidade de Copenhagen, na Dinamarca.
“No total, os projetos comandados pela Tembici – incluindo as maiores capitais brasileiras, além de Chile e Argentina – já somam uma economia de 28.945 toneladas de CO₂”, expõe Carolina.
Benefícios para a saúde
E não é só o meio ambiente que ganha com o uso de transportes alternativos no dia a dia. Em 2018, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou um plano global para atividades físicas, que prevê uma redução de 15% no sedentarismo em adultos e adolescentes até 2030, com uma grande ênfase em caminhadas e nos exercícios com bicicletas.
“Além de se exercitar e economizar tempo, pedalar diariamente reduz as chances de desenvolver doenças cardíacas e câncer, além de reduzir o risco de mortes prematuras. Outro ponto: andar de bicicleta é fácil e ainda melhora a coordenação motora. A atividade envolve todo o corpo, portanto, braços, pernas e mãos, favorecendo o reflexo, assim reduzindo o tempo de reação a alguma adversidade”, recomenda a diretora de comunicação da Tembici.
Carolina ainda aponta que quem troca o carro pela magrela ganha disposição, saúde e um corpo mais em forma. “Um estudo financiado pela União Europeia e publicado no jornal espanhol El País mostrou que quem anda de bicicleta é, em média, quatro quilos mais magro do que quem vai de carro até o trabalho”, expõe.
O grande beneficiado por tudo isso é, principalmente, o coração. “A atividade física regular — 150 minutos semanais — traz benefícios também à saúde cardiovascular. A prática ajuda no controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e do açúcar no sangue”, justifica Carolina.
Lopes também destaca que as vantagens para a saúde são diversas. “Podemos elencar as seguintes: redução do estresse do trânsito, da poluição sonora, do risco de doenças como diabetes e pressão alta, melhora o condicionamento físico e melhora a qualidade de vida nos casos em que se economiza tempo no trajeto diário para o trabalho, aumentando o tempo disponível para lazer”, conclui.