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Dieta paleolítica: vale a pena fazer?

Dieta paleolítica: vale a pena fazer?

Descubra por que esta forma de alimentação tem feito sucesso.

Você já ouviu falar sobre dieta paleolítica? O termo é um tanto peculiar, mas remete aos alimentos que nossos ancestrais caçavam ou colhiam e comiam na Era Paleolítica. De acordo com a nutróloga da Clínica Leger, Nívea Bordin Chacur, a dieta paleolítica é atualmente popular para perda de peso, controle do diabetes e bem-estar geral. Dentre os alimentos permitidos estão carnes, peixes e frutos do mar (selvagens), frutas frescas, vegetais frescos, ovos, oleaginosas, tubérculos e azeites.

“No sentido mais puro, o enfoque é nos alimentos frescos. Alimentos processados devem ser evitados. A dieta é composta por cerca de 65% de plantas alimentares e 35% de alimentos à base de animais. No entanto, muitas interpretações atuais da dieta Paleo não seguem esta diretriz”, esclarece Nívea.

Se você está pensando em seguir esta dieta, saiba que terá que riscar do seu cardápio grãos e cereais, leguminosas (como feijão), leite e derivados, açúcar refinado, alimentos industrializados, óleos refinados (óleo de soja, milho, girassol, canola, margarina), doces, frituras e fast food.

Outra característica da dieta paleolítica é o fato de não possuir restrições à quantidade de comida a ser ingerida. “Esta dieta tem feito bastante sucesso, porque você não precisa contar calorias ou quantidades de alimentos. As refeições são livres. A recomendação é comer quando e quanto quiser”, comenta Nívea.

Vale lembrar que a Dieta Paleolítica não é uma dieta de restrição de carboidratos. Só que, com base nos alimentos permitidos, você naturalmente vai passar a ingerir bem menos carboidratos. “E, quando consumir, esses carboidratos virão de fontes naturais como frutas e tubérculos, que também contêm fibras, vitaminas e minerais”, justifica Nívea.

Origem da dieta paleolítica

Mas de onde veio essa dieta? Segundo Nívea, no início dos anos 80, foi realizado um estudo de 7 semanas sobre o consumo de uma dieta rica em proteínas e pobre em gorduras, com uma ingestão energética de 5.020 kJ por pessoa por dia. Esta forma de alimentação melhorou ou normalizou significativamente as anormalidades metabólicas de indígenas australianos com diabetes tipo 2.

“Com essas evidências científicas de que a dieta paleolítica é melhor para o manejo de diabetes do que qualquer outra dieta que defenda a redução da ingestão de energia, a dieta se tornou popular”, afirma Nívea.

Ainda segundo a nutróloga, estudos clínicos em pacientes com diabetes tipo 2 foram realizados e publicados sobre os efeitos de uma dieta paleolítica. “Foi realizada uma comparação de três meses da dieta de acordo com as diretrizes atuais em 13 obesos [Índice de Massa Corporal (IMC) de 30 kg/m2] bem controlados [hemoglobina glicada (HbA1c), 48,6 1,5 mmol /mol], pacientes com diabetes tipo 2. Os dados mostraram que, enquanto as dietas resultaram em uma redução no IMC e HbA1c, a dieta paleolítica alcançou uma redução absoluta do valor para esses parâmetros”, expõe Nívea.

Benefícios da dieta paleolítica

Nívea aponta que a dieta paleolítica é um bom plano para a perda de peso e uma vida mais saudável. “A parte positiva desta dieta, é que ela privilegia alimentos in natura e não recomenda o consumo de alimentos prejudiciais à saúde”. Dessa forma, itens como embutidos, açúcares e doces ficam de fora do cardápio, resultando em uma redução do excesso de carboidratos, gorduras saturadas e sódio.

Dentre outros benefícios apresentados por esta forma de alimentação, Nívea cita:

  • Eliminar ou restringir da sua dieta fontes de inflamação e alergia.
  • Os alimentos escolhidos ajudam a controlar a glicose e insulina no sangue (reduz a resistência à insulina).
  • Melhora na digestão e absorção dos alimentos, fortalecendo a flora intestinal e propiciando uma perda de peso. “Nossa flora intestinal sintetiza inúmeras vitaminas imprescindíveis para o equilíbrio do nosso corpo. A primeira ação no consultório para o paciente que deseja perder peso é ter um hábito intestinal de evacuação diário”, explica.
  • É altamente nutritiva, sacia com alimentos mais nutritivos e com menos calorias.

Restrições à dieta paleolítica

Mesmo com todos os benefícios, Nívea alerta que a exclusão de outros alimentos considerados saudáveis e com vitaminas e minerais necessários para o organismo, como o feijão e os cereais integrais, pode trazer deficiências nutricionais. “No momento que retirar o feijão, outro alimento rico em ferro deve ser incluído no cardápio”, exemplifica.

Por isso, Nívea sugere verificar se o paciente não tem nenhuma patologia específica ou restrição para que possa fazer esse tipo de dieta. “Ter o cuidado e assegurar que o paciente vai receber todos os macronutrientes e micronutrientes necessários, para evitar posteriormente danos à saúde, como a queda de cabelos acentuada muito frequente quando é feita uma dieta sem acompanhamento. O ideal é sempre consultar o seu nutrólogo e nutricionista”, recomenda.

Com relação ao consumo de carboidratos, Nívea indica que seja consumido pelo menos entre 50 e 100g de carboidratos por dia, principalmente para que o corpo não entre em cetose. “Importante também este cuidado para que o paciente não venha a ter tontura, fraqueza e dor de cabeça pela restrição de carboidratos”, argumenta.

Vale a pena apostar nesta dieta?

Nívea destaca que há muitos estudos de curto e pequeno porte que tendem a indicar algum benefício deste tipo de dieta, mas não mostram de forma convincente que uma dieta paleolítica é eficaz para perda de peso e controle glicêmico no diabetes tipo 2.

“Assim, dado que déficits muito curtos no balanço de energia podem melhorar os parâmetros metabólicos, é difícil concluir sobre os benefícios a longo prazo da dieta paleolítica no diabetes tipo 2 ou qualquer outra condição. Embora faça sentido que a dieta paleolítica promova a evasão de alimentos ultraprocessados e alimentos densos de energia refinada, são necessários mais estudos controlados randomizados com mais pacientes e por um período mais longo para determinar se há algum efeito benéfico deste tipo de dieta”, expõe.

Por isso, a avaliação de um nutrólogo ou nutricionista é fundamental. “Estes profissionais poderão indicar quais alimentos deverão ser retirados ou não. E de que forma repor os micronutrientes para que o paciente não fique com deficiências nutritivas. Nosso metabolismo precisa estar equilibrado para que a perda de peso aconteça de forma saudável, e que pacientes não tenham o chamado ‘efeito rebote’ (voltar a engordar novamente). Quando o paciente segue uma orientação alimentar acompanhada de exames e reposição – se houver alguma deficiência-, o sucesso é garantido!”, conclui Nívea.

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